*Por Jorge Santana
Na notícia veiculada pela imprensa nacional no último dia 26/09, sob o título “Petrobras estuda adiar de novo produção em reservas gigantes de Sergipe” (clique aqui e confira), consta que “a companhia retirou a região da lista de projetos de exploração e produção que receberão investimentos nos próximos cinco anos. Questionada sobre a ausência, respondeu que "em conjunto com seus sócios, está reavaliando a melhor data para a entrada em operação desses projetos".
Mais à frente, outra preciosidade: “A medida foi elogiada pelo mercado, que vê esforço da companhia para se tornar uma boa pagadora de dividendos a seus acionistas”.
Recorro à fraca memória dos tantos que apoiaram a aventura liberal que começou com o golpe parlamentar, leviano e vulgar, de 2016, e se agudizou com a consagração do projeto ultraliberal fascistóide em 2018, para resgatar alguns marcos da história da ex-nossa Petrobras.
Quando da sua criação, no começo dos anos 1950, geólogos norteamericanos berravam que não haveria a menor chance de encontrar petróleo no subsolo brasileiro. Décadas depois, quando um governo nacionalista decidiu por retomar o direcionamento estratégico da empresa por meio de pesados investimentos no pré-sal, o ataque foi forte. Os articulistas da grande imprensa, ventríloquos do “mercado”, fizeram de tudo para desqualificar os investimentos, classificando de irresponsável devaneio.
Eis que agora, quando a empresa reafirma a opção do “novo” acionista majoritário de seguir o receituário ultraliberal em ritmo acelerado e virar as costas para o Brasil, mais ainda para Sergipe, não vemos protestos, pouco menos arrependimentos, senão tentativas vãs de explicar o inexplicável ou de pedir explicação (?) à direção da empresa.
Outros, ainda menos lúcidos, acreditam que a Petrobras deve abrir mão dos campos de Sergipe em favor dos sócios estrangeiros, como se aqueles tivessem alguma disposição de realizar tais investimentos sozinhos.
A triste conclusão que nos resta: ainda que tardiamente, Sergipe terá que buscar outros caminhos para a retomada do seu desenvolvimento, sem esperar nada, absolutamente nada, de um governo federal cujo única diretriz, em meio ao caos, às fake news, ao negacionismo e ao genocídio, é o entreguismo desenfreado.
*Jorge Santana é engenheiro e empresário.
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