No Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), por exemplo, o Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (Hospub) registrou 585 atendimentos a pacientes vítimas de acidentes envolvendo a bicicleta em 2016, um aumento de 33,56% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 438 atendimentos. Para a superintendente da unidade, a médica Lycia Diniz, alguns fatores podem estar relacionados a esse quadro.
“Precisamos levar em conta a crescente utilização desse tipo de meio de transporte pela população sergipana, aliada à falta de estrutura nas vias. É comum observamos ciclistas dividindo o espaço com carros e motos, inclusive em horários considerados de pico. Uma concorrência desleal e que pode ter graves consequências”, considera a gestora do Huse.
O segurança Luiz Neto sabe muito bem do que a médica está falando. No início do mês, na volta do trabalho, o rapaz foi atropelado por uma moto. “É difícil dividir os espaços no trânsito. As pessoas são muito impacientes. Meu acidente não foi muito grave, mas quebrei um osso do braço e precisei ser operado. A recuperação é lenta e necessita de repouso, o que me afasta do trabalho. Ou seja, muita coisa em jogo por causa do ocorrido”, relata.
A superintendente do Huse adverte que um paciente politraumatizado é muito caro para o Estado. Dependendo da lesão, mesmo sendo um caso leve, uma pessoa internada por 15 dias chega a custar entre R$ 60 mil e R$ 80 mil. “São gastos com insumos, salas cirúrgicas, exames e internação na UTI, se for necessário. Além disso, pode gerar fila de pacientes com outras patologias que também esperam por cirurgias”, pondera.
Principais dificuldades
Participante do coletivo Vida de Bike, a empresária Taise Medeiros pedala em grupo desde 2011 e sente na pele as dificuldades que o ciclista passa no dia a dia. Segundo ela, a orientação é que os veículos mantenham uma distância de um metro e meio das bicicletas, mas isso não é muito considerado em Sergipe. “Os ônibus e carros passam tirando fino da gente. Toda hora é um susto”, lamenta.
Outro problema que a sergipana sente é com relação ao respeito às ciclovias. “Não sei se por uma questão de distração, mas é muito comum ver pedestres fazendo caminhada nos espaços que são próprios para o ciclismo. Em algumas situações, temos que sair da ciclovia e nos arriscarmos nas vias comuns. Também não é raro ver carros e motos estacionados nesses locais”, comenta.
Taise destaca, ainda, a importância dos próprios ciclistas seguir algumas orientações. “Usar capacete e outros equipamentos de segurança é essencial. Quando o ciclista cai, a primeira coisa que machuca é a cabeça, por isso é importante se prevenir. A utilização do farol próprio para as bikes, especialmente para pedalar à noite, e o respeito ao sentido das vias, são outras dicas que devem ser seguidas”, complementa.
Ascom SES/FHS
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