Para a Comissão Estadual da Verdade "Paulo Barbosa de Araújo", o relatório da CIA revelado na semana passada, abre uma nova possibilidade para a leitura e compreensão da repressão política durante o chamado período de distensão.
Segundo o documento, o então Presidente do Brasil, Ernesto Geisel, não só manteve, como centralizou a perseguição e extermínio de seus opositores políticos, submetendo as execuções de subversivos perigosos à aprovação do general João Batista de Figueiredo, então chefe do SNI e seu sucessor na Presidência da República.
O documento comprova o envolvimento direto da cúpula do regime com a prática da tortura e com o estabelecimento de uma política deliberada de extermínio.
Segundo a Secretária-Executiva da CEV, Andréa Depieri, aqui em Sergipe, o documento pode nos ajudar a compreender a chamada "Operação Cajueiro".
"Sempre pareceu estranho que essa Operação, considerada a mais dura ação da repressão política durante a ditadura civil-militar aqui em Sergipe, tenha ocorrido em 1976, quando oficialmente o país estava frente a um recuo rápido, gradual e seguro rumo à redemocratização do país. Só que não. As violações ocorridas durante a ditadura civil-militar brasileira não foram resultantes de excesso, abuso ou descontrole, mas antes, decorreram de uma política de Estado, cujas ações eram coordenadas e autorizadas diretamente pela Presidência da República" comentou Andréa.
Com os novos fatos revelados a partir da divulgação do Relatório da CIA, a Comissão Estadual da Verdade "Paulo Barbosa de Araújo" passará a buscar informações que possam ajudar a desenhar, com precisão, o quadro político em que se deu a Operação Cajueiro.
Além disso, irá somar esforços junto às demais Comissões e Comitês nacionais, e familiares de vítimas, para que o conjunto documental completo de registros feitos pela CIA, relativamente à participação de agentes brasileiros em operações marcadas pela tortura e extermínio de cidadãos brasileiros, possa ser disponibilizada por completo, a fim de complementar as investigações.
*Com informações da Ascom/Comissão da Verdade
Foto: Ascom/Comissão Estadual da Verdade
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