Se as regras para aposentadoria não forem alteradas, a Previdência Social no Brasil entrará em colapso em poucos anos. A afirmação é do pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Fernando de Holanda Filho.
“O envelhecimento da população brasileira vai ser muito rápido e muito profundo. Assumindo que existe uma proporção entre os benefícios de aposentadoria e o percentual da população e a quantidade de pessoas acima de 65 anos, isso torna tal sistema insustentável. Então, a introdução de uma idade mínima [para aposentadoria] é fundamental”, explica ele.
De acordo com Fernando de Holanda FIlho, isso ocorrerá por conta do aumento da população idosa em relação a crianças.
Segundo estimativas do IBGE, em 2030 os idosos representarão 18% dos brasileiros, enquanto as crianças 17,6%. Em 2015, por exemplo, para cada 100 pessoas em idade ativa, havia 11,5 idosos. Em 2060, essa relação deverá ser de 44,4.
SERGIPE
Os reflexos dessa situação já começaram a ser observados. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em dez anos, de 2006 a 2016, somente em Sergipe, os gastos com aposentadoria aumentaram 110,6%.
Diante destes números, o Governo Federal tenta emplacar no Congresso Nacional a aprovação da reforma da Previdência. No entanto, o texto que sofre resistência de parte dos parlamentares está parado na pauta do plenário da casa há pelo menos seis meses.
Para resolver o impasse, o governo resolveu retirar alguns pontos do projeto, mas não abriu mão de manter a idade mínima para aposentadoria e a equiparação das regras do setor público com o privado.
O pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Bruno Ottoni, acredita que a reforma ainda não é a dos sonhos, mas a manutenção desses dois pontos é fundamental.
“Pessoas que já tem algum direito adquirido não vão perder aquele direito. Então hoje, funcionários públicos que já estão aposentados não terão suas aposentadorias alteradas de maneira nenhuma. E aqueles que, a determinar a questão da regra de transição, que estão em via de se aposentar, em tese não poderiam mesmo que o governo quisesse. Do ponto de vista constitucional não seria possível”, diz o estudioso.
A regra de transição vale para pessoas que já fazem a contribuição previdenciária. O objetivo é diminuir o impacto da reforma para os trabalhadores que estariam perto de se aposentar.
Portanto, caso a proposta seja aprovada, inicialmente, a idade mínima seria de 55 anos para os homens e 53 anos para as mulheres. Essa idade começa a subir a partir de 2020, na proporção de um ano de idade a cada dois anos que se passam.
Dessa forma, em 2038, o piso para a aposentadoria seria atingindo, fixando as idades de 65 anos para homens e 62 anos para mulheres.
*Com informações da Agência do Rádio Mais
Foto: EBC
Cadastre seu e-mail e receba do nosso blog muitas novidades.