O deputado estadual Luciano Pimentel (PSB) fez ontem um pronunciamento na Assembleia Legislativa, chamando a atenção para “a queda substancial e progressiva” da contribuição dos royalties da Petrobras no Estado.
Mais do que isso: o parlamentar alertou para os riscos de a Petrobras estar desaquecendo, de propósito, toda a sua ação empresarial por aqui, o que, para ele, seria extremamente danoso para a economia pública e para o futuro de Sergipe.
Para demostrar o quanto a atividade da Petrobras vai ladeira abaixo em Sergipe, o parlamentar apresentou dados levantados junto à Agência Nacional de Petróleo – ANP.
Segundo ele, em 2014, o Estado de Sergipe foi contemplado com R$ 166 milhões de royalties; já em 2015 caiu para R$ 97 milhões e no ano passado, fechou com apenas R$ 69 milhões.
“Entre 2015 e 2016, Sergipe perdeu R$ 28 milhões. Além de possíveis desinvestimentos, é preciso considerar a retração decorrente da queda dos preços do petróleo no mercado internacional”, pondera Luciano. Toda a evolução dos royalties da Petrobras para Sergipe entre os anos de 2010 e 2014 foi, também, superior às dos anos 2015 e 2016, que estiveram bem abaixo da casa dos R$ 100 milhões.
O deputado ainda alertou: “Os valores repassados pela Agência Nacional do Petróleo representam cerca de 80% dos royalties recebidos pelo Estado”, diz ele. Porque há royalties de outros setores.
1,9%
Luciano Pimentel informou que a produção petrolífera de Sergipe corresponde a apenas 1.9% de toda a produção da Petrobras em território nacional. Por causa disso, o parlamentar socialista, que tem formação na área de administração de empresas, apresentou um outro alerta. “Preocupa-me, também, que aqui esteja a ocorrer o Princípio de Pareto, que os economistas e executivos muito citam. É quando você aloca 80% dos seus recursos naqueles espaços de 20% que dão resultado”, justifica.
“Como nós representamos apenas esse 1.9% da produção da Petrobras no Brasil, se não houver um entendimento do povo de sergipano e uma união da sua classe política de Sergipe, podem deixar de investir definitivamente no Estado. E aqui reitero: a Petrobras é muito importante para nós sergipanos. Mas nós não temos a mesma importância para eles, para os mantenedores dessa empresa”, diz Luciano, sempre chamando a atenção para os perigos do Princípio de Pareto aplicados sobre Sergipe.
Sapo fervido
“E tudo isso me lembra muito a síndrome do sapo fervido. Dizem que quando você joga um sapo numa panela com água fervente, ele reage e, instantaneamente, pula fora. Ao passo que se você botar o sapo na água fria e for aumentando a fervura dela, ele vai se acomodando com a nova situação e daí a pouco ele morre”, disse o deputado.
“É esta a representação que estou sentido com o esvaziamento da Petrobras aqui em Sergipe. Não tenho visto uma defesa mais veementemente da Petrobras no que se refere à exploração do petróleo que gera royalty, que gera riqueza e que gera emprego”, disse parlamentar.
Projetos
Luciano Pimentel apresentou ano passado um requerimento convidando o gerente-Geral Nilo Azevedo para ir a Alese fazer uma exposição do que a Petrobras estaria pensando e planejando para o futuro dela no Estados nos próximos quatro anos. O gerente não compareceu. Há cerca de 15 dias, Pimentel e o presidente da Alese, deputado Luciano Bispo, foram até a Gerência-Geral da Companhia em Aracaju reforçar este convite. Foram recebidos pelo gerente-Geral interino, Genildo Luiz Borba, que desde o final do ano passado responde pela Gerência-Geral com a saída de Nilo Azevedo.
“Mas nos disse que não seria possível a vinda dele a esta Casa no primeiro semestre pelo fato de a Petrobras não ter definido ainda o seu planejamento estratégico e que pela falta de recursos que a Petrobras passa nesse momento, os processos entram numa concorrência interna para que possam ser habilitados”, disse Luciano.
Diante disso, o deputado está pedindo uma audiência ao ministro das Minas e Energias, Fernando Bezerra Filho, do seu partido, o PSB. “E assim que confirmar uma data da vinda dele a esta Casa, farei um requerimento para que promovamos com ele uma sessão extraordinária sobre o tema Petrobras”, disse o deputado.
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