Um número divulgado esta semana pelo IBGE demonstra uma das dificuldades do setor previdenciário no Brasil. Segundo o instituto, mais de um milhão de brasileiros deixaram de pagar a Previdência Social em 2017.
O número é a diferença entre pessoas ocupadas que contribuíram no ano passado (58,1 milhões) e em 2016 (59,2 milhões). As informações constam na Pnad Contínua, pesquisa que faz um panorama nacional do mercado de trabalho.
Segundo o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, os resultados são explicados, em parte, pelo aumento do trabalho informal no Brasil desde 2014, quando a recessão econômica teve início.
O especialista afirma ainda que a diminuição na arrecadação da Previdência tem sido uma tendência nos últimos seis anos, período em que o setor perdeu 2,7 milhões de contribuintes.
“Nessa pesquisa, existe uma pergunta que foi feita para todo mundo que trabalha. Todas as formas de seção que não são com carteira de trabalho assinada, a gente vai perguntar se ela contribui com a Previdência. Isso me dá então uma queda de praticamente um milhão de pessoas que deixaram de contribuir com a Previdência”, explicou Azeredo.
Nas últimas semanas, o governo tem se esforçado para discutir o tema abertamente. O próprio presidente Michel Temer tem sido o porta-voz oficial ao defender em programas de rádio e televisão a necessidade de mudança nas regras de aposentadoria.
Nos bastidores, ministros e parlamentares governistas têm se reunido com frequência para contabilizar votos e traçar novas estratégias em busca da aprovação no Congresso Nacional.
O prazo estabelecido pelo governo para que as regras previdenciárias sejam alteradas é fevereiro, logo após o Carnaval. Se não houver pelo menos 308 votos favoráveis, número mínimo para aprovação no Congresso, a expectativa é que o tema só volte a ser discutido após as eleições.
A idade mínima de homens e mulheres para se aposentar e a equiparação dos regimes previdenciários entre trabalhadores do setor privado e servidores públicos são tópicos que o governo não abre mão.
A justificativa é que o desequilíbrio entre os benefícios pagos para servidores públicos e da iniciativa privada amplia, ano após ano, o rombo bilionário do setor.
Em 2017, segundo dados da Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, a Previdência Social atingiu o déficit recorde de R$ 268,8 bilhões.
Levando em conta apenas o INSS, que atende 34 milhões de brasileiros, o rombo subiu de R$ 149,73 bilhões, em 2016 (2,4% do PIB), para R$ 182,45 bilhões no ano passado (2,8% do PIB). Um crescimento significativo de 21,8%, que em números absolutos representa R$ 32,71 bilhões.
*Com informações da Agência do Rádio
Foto: Divulgação/Agência Brasil
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