Poder e Cotidiano em Sergipe
26 de Dezembro 10H:15

“Meu candidato a Senador é Jackson Barreto”, diz Fábio Mitidieri

Em entrevista concedida ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE o deputado federal Fábio Mitidieri (PSD) foi direto: pretende disputar a reeleição e seu candidato para o Senado é o governador Jackson Barreto (PMDB). Apenas se Jackson decidir mesmo não entrar na disputa, Mitidieri tentará galgar o posto.

 

Ele avalia que a base do governo deve chegar unida a 2018, mas prevê stress por conta das alianças nacionais.

 

O deputado confirmou que o PSD deve participar da administração de Edvaldo Nogueira, e avaliou que ele tem agora a oportunidade de mostrar que é um bom gestor, “superando o caos administrativo deixado por João Alves. Leia a seguir a conversa.

 

BLOG DO MAX - Na eleição em Aracaju o senhor chegou a anunciar apoio a Valadares Filho, mas voltou à base do governo. A que se deveu essa decisão?
Fábio Mitidieri - Sempre deixei claro que não aceitaria caminhar com a oposição. Nada pessoal contra eles, mas temos posições divergentes e não sei apoiar um pela manhã e outro pra tarde. Não é meu perfil. É bom esclarecer que não fui em quem pulei ou abandonei o barco e sim os Valadares. Nós sempre fomos da base do Governo e a decisão de ir para oposição foi deles e não minha. Respeitei e procurei me dedicar à campanha de Edvaldo, por quem sempre tive grande apreço e a quem convidei publicamente para se filiar ao PSD por diversas vezes. Graças a Deus deu tudo certo.

 

BM - Podemos dizer que essa decisão lhe deu uma "moral", lhe cacifou para voos mais altos no grupo ligado ao governo?
FM - O que me deixa feliz é saber que em meio a uma crise sem precedentes, política e econômica, incluindo um impeachment, eu tenho conseguido me sair bem. A decisão de apoiar Edvaldo e ser fiel ao grupo pelo qual fui eleito, é um bom exemplo disso.
Política tem que ser feita com ética, respeito ao eleitor e transparência. Eu não enganei ninguém, votei em Dilma, Jackson, Rogério e Luiz Mitidieri. Esses foram meus candidatos e a sociedade pode e deve me cobrar por isso.

 

BM - Valadares Filho tomou uma decisão equivocada, ao se aliar a grupos que fazem oposição ao governo?
FM - Essa análise deve ser feita por ele, mas a meu ver, sim. Ao abandonar o agrupamento que lhe ajudou a se eleger por três vezes deputado federal, ajudou seu pai a ser senador também por três vezes e que, sejamos justos - eles também ajudaram a eleger nossos candidatos - você perde o discurso ideológico e parte para a lógica cruel do "aonde é mais fácil me eleger". Houve uma perda da identidade ideológica. A sociedade está mudando e querendo mais ideias e projetos e menos política.

 

BM - O senhor acredita que ainda é possível uma aliança dos Valadares com o grupo governista?
FM - Difícil no curto prazo, mas eles sempre foram aliados históricos e brigas como essa, até certo ponto, de tempos em tempos podem ocorrer. É como um casamento longo que passa por crises. Tem que ver se ainda existe sentimento. Mas, pelo bem do nosso Estado, espero que eles possam se entender. Se não for possível, que lembrem que Sergipe é a prioridade e deve vir sempre primeiro.

 

BM - Valadares e Amorim estarão unidos em 2018?
FM - Acho que sim. É uma aliança que parece lógica no momento. É um grupo muito forte e que deve ser respeitado, mas como acabamos de ver, está longe de ser imbatível.

 

BM - Jackson Barreto conseguirá manter sua base unida em 2018?
FM - Acredito que sim. PMDB, PSD, PDT, PRB, PDT, PT, PC do B, PRP e PTN possuem líderes que falam a mesma língua. Mas faço um alerta, as alianças nacionais em 2018 podem gerar um estresse nessa relação. Mas vamos aguardar porque quem morre de véspera é peru.



BM- O senhor ainda trabalha para ser candidato ao Senado? Quem são os nomes ligados ao governo que podem entrar na disputa pelo Senado?
FM - Meu candidato a Senador é Jackson Barreto. Caso ele não queria disputar o mandato, meu nome estará à disposição do grupo para análise. Mas o certo mesmo até aqui é que irei concorrer à reeleição. Agora, o PSD pretende estar na majoritária, entendemos que as urnas nos deram essa condição.

 

BM - Jackson Barreto tem feito um bom governo? Como o senhor avalia a administração de JB?
FM - Jackson, assim como a maioria dos prefeitos e governadores deste país, está passando por um momento dificílimo. Queda de arrecadação constante, desemprego em alta, economia em recessão... Mas o governo tem feito o dever de casa. Cortou despesas de custeio, enxugou a máquina, as obras continuam andando, mesmo que em número e ritmo um pouco menor... Sim, está difícil, mas Jackson tem enfrentado isso olhando nos olhos, com coragem e dialogando com a sociedade.

 

BM - O Congresso Nacional votou temas importantes este ano e terá uma pauta dura em 2017. Qual é o seu posicionamento em relação à reforma da previdência?
FM - O Congresso teve dois anos muito complicados com pautas impopulares, pautas "bombas", com o impeachment e agora com a Reforma da Previdência. Veja, acho que o presidente Temer acerta na forma mas erra no conteúdo. Todo mundo concorda que a previdência precisa ser revista, mas não da maneira como está sendo proposta. Por exemplo, um cidadão terá que trabalhar 49 anos ininterruptos para ter direito à aposentadoria integral. Isso é um absurdo. Temos divergências também quanto ao BPC, a exclusão de categorias... enfim, a ideia é boa e necessária, mas o texto da reforma é cruel com o cidadão.

 

JC - E em relação ao teto de gastos, como o senhor votou? Qual a sua opinião sobre o assunto?
FM - Muito complicado. Quero aproveitar esse espaço para explicar uma situação chata que vivi nessa votação. Na reunião do PSD, eu me coloquei contra o projeto. Apenas três deputados foram contra, de uma bancada de 40. O partido então fechou questão e ameaçou de expulsão quem não acompanhasse a Executiva Nacional. Votei a favor no primeiro turno, mas procurei o Ministro Kassab e disse que não podia votar em algo que não concordava. Então, de comum acordo, no segundo turno da votação, eu me abstive, o que é o mesmo que votar contra, já que o governo é que tinha que conseguir os votos mínimos para aprovar. Não concordo com a PEC do Teto dos Gastos por entender que, assim como no caso da previdência, o título é bonito mas o conteúdo feio. A Saúde e Educação pagarão um preço caro, com perda de investimentos nos próximos vinte anos. Fora isso, não precisa estar na constituição que eu não devo gastar mais do que arrecado. Isso é óbvio e inerente à boa prática de gestão.

 

BM- Tivemos uma polêmica sobre a emenda de bancada, que foi destinada à Codevasf Nacional. A bancada sergipana discutiu isso? Essa destinação foi ruim para Sergipe?
FM - Não é bem assim. Tivemos a reunião de bancada, na presença de vários prefeitos e representantes de instituições, a exemplo do reitor da UFS. Nela foi proposto que colocássemos em votação quais as duas emendas impositivas para o Estado de Sergipe que seriam escolhidas. Óbvio que a oposição, que possui maioria por ter quatro federais e três Senadores, contra apenas quatro federias aliados do governo, iria aprovar o que desejasse. O Governo foi representado pelos seus deputados aliados, JB ligou pedindo que defendêssemos a emenda para o Hospital do Câncer. Na hora da votação, a oposição optou por destinar uma emenda para a Codevasf e outra para Aracaju, deixando o HC de fora. Isso não foi uma derrota para JB mas sim para o povo de Sergipe. É bom destacar que todas as propostas eram importantes para nosso Estado, mas o HC sempre foi tido como prioridade número um. Também é bom esclarecer para as pessoas que o que ocorreu ali foi um jogo de interesses. A Codevasf Nacional é comandada pelo Senador Valadares e aqui em Sergipe pelo Senador Amorim. Além disso, a emenda de Aracaju foi priorizada porque eles tinham certeza que venceriam as eleições. Faltou apenas combinar com os russos.

 

BM - 2017 será um ano melhor, para o Brasil e para Sergipe? Com a visão de quem está em Brasília, como o senhor visualiza o próximo ano?
FM - Sinceramente, vejo 2017 ainda com muitas dificuldades no campo político e por consequência, econômico. Teremos os desdobramentos da Lava Jato com as delações da Odebrech, projetos impopulares como a reforma da previdência... Mas o brasileiro é um povo forte e se adapta bem as dificuldades. Quero crer que vamos encontrar uma saída para essa crise e retomar o caminho do crescimento e da geração de emprego e renda.

 

BM - Por fim, como está a sua relação e a do PSD com o prefeito Edvaldo? Qual a expectativa para sua gestão? O PSD fará parte do governo?
FM - Eu e Edvaldo somos muito amigos e temos uma parceria que promete ser duradoura. O PSD foi convidado sim para sua gestão e vai colaborar da melhor forma possível. Entendo que Edvaldo tem a chance de provar sua capacidade de gestor, superando o caos administrativo deixado por João Alves em meio à crise que o país atravessa. Pela sua empolgação e determinação, se Deus quiser, Aracaju voltará a ser a Capital da Qualidade de Vida.

 

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