Poder e Cotidiano em Sergipe
17 de Abril 7H:20

“O canal de Xingó será a redenção do sertão sergipano”, diz presidente da Cohidro

Para quem ainda duvida ou não tem a dimensão exata do problema, o presidente da Cohidro, José Carlos Felizola confirma: a estiagem em Sergipe é a pior dos últimos anos e tem impactado negativamente a produção agrícola do estado.

 

Nesta entrevista concedida ao BLOG DO MAX/JORNAL DA CIDADE ele fala sobre o trabalho da Cohidro nos perímetros irrigados e avalia que o Canal de Xingó será a redenção para o sertão sergipano.

 

Felizola ainda falou um pouco sobre a política em Simão Dias, que ele tem, acompanhado bem de perto há tempos. Confira a nossa conversa.

 

BLOG DO MAX - Estamos mesmo vivendo a pior seca das últimas décadas?
José Carlos Felizola - O que é visto como indicador de que passamos por um período de seca, dos piores da história, está bem claro pelos efeitos. O maior deles é ver faltar água em lugares onde ela sempre foi muito abundante. Há mananciais, rios e barragens secando. No caso do abastecimento humano, isso tem forçado medidas emergenciais para trazer substitutos à fonte de água perdida e isso se caracteriza pela perfuração de novos poços, onde a Cohidro desempenha seu papel.

 

BM - É verdade que a seca não está sendo registrada só no sertão?
JCF - Infelizmente isso é verdade e está afetando diretamente a atuação da Cohidro. É o caso do Perímetro Irrigado Jacarecica I, em Itabaiana, no Agreste Sergipano. Como nunca houve em seus 30 anos de operação, a barragem atingiu um nível impossível de bombear água para a irrigação. O que conforma, é que o baixar da água possibilitou que a gente fizesse reformas, como a implantação das comportas de tomada d´água e descarga de fundo. Peças que lá, na construção da barragem, não foram instaladas. Agora a operação da barragem vai ser mais segura e com a possibilidade de melhorar a qualidade de água no período de cheias. A produção agrícola do Estado foi bastante prejudicada, especialmente a cultura do milho. O efeito cascata na economia é visível no Estado.

 

BM- Há falta de água para a agricultura? Essa falta de água está gerando um impacto negativo para que produtos e que regiões?
JCF - Como disse, a situação do Jacarecica I impossibilitou a continuidade do fornecimento de irrigação nesse perímetro, até que as chuvas voltem a dar vazão ao Rio Jacarecica e este retome o nível do reservatório. No Perímetro Jabiberi, em Tobias Barreto e na Ribeira, também em Itabaiana, a água está sendo racionada para aumentar a vida útil das barragens. Infelizmente as últimas chuvas não mudaram essa realidade nesses três locais. Diferentemente de Lagarto, onde o Rio Piauí voltou a acumular água e a barragem Dionísio Machado está de volta em um nível seguro.

 

BM- Como a Cohidro está atuando para amenizar os efeitos dessa seca?
JCF - Nos perímetros irrigados, o que podemos fazer é racionar o consumo, incentivar e fiscalizar o uso responsável da água, para que ela dure mais. O programa ‘Águas de Sergipe’, convênio entre Banco Mundial e Governo de Sergipe, vem para investir na modernização, na automação dos perímetros irrigados Jacarecica I e Ribeira, justamente para utilizar menos água para irrigar e assim, diminuir o consumo. Fora isso, temos sete equipes de perfuração e instalação de poços atuando em todo Estado, muitas vezes ampliando nosso atendimento, que é com foco principal nas populações rurais. O Governador Jackson Barreto vem dando todo o apoio para que possamos alcançar o maior número de sertanejos.

 

BM – Mas há um trabalho de prevenção para agravamento da seca, ou para futuras estiagens?
JCF – Temos o Programa de Recuperação de Barragens do Governo do Estado. Atualmente, a Cohidro executa a reforma e ampliação de 12 barragens. Essas aguadas secaram neste período de estiagem que agora está terminando. Com a capacidade de armazenamento aumentada, no próximo verão poderão durar mais tempo atendendo melhor estas populações rurais.

 

BM - Quantos poços foram perfurados nos últimos meses? Eles conseguem amenizar a estiagem?
JCF - De quando assumi a Cohidro para cá, perfuramos e recuperamos cerca 200 novos poços, que servem para levar água para consumo humano e animal.

 

BM - O Canal de Xingó é um projeto viável? Ele pode sair do papel a curto prazo? A Cohidro tem participação nessas discussões?
JCF - Só por levar água para a região que mais padece de falta de chuvas no Estado, para matar a sede do povo e prover desenvolvimento pela agropecuária, já é motivo suficiente para considerar sua viabilidade. A Cohidro participa sim, da discursão e do projeto. A intenção é de que com o canal, a irrigação em nosso Perímetro Califórnia, em Canindé de São Francisco, seja mais eficiente em barata. Sem precisar elevar a água do nível da Barragem de Xingó à altitude das plantações. Também há o projeto do Perímetro Irrigado Manoel Dionísio, que sendo do Governo do Estado, terá a Cohidro como administrador, ao ser implementado. Sem contar com dois novos perímetros que já estão previstos no projeto básico do canal de Xingó, que sem exageros, será a redenção do sertão sergipano.

 

BM - Como está a política em Simão Dias? Você pensa em apresentar seu nome para disputar a prefeitura em 2020?
JCF - Simão Dias está sendo muito bem cuidada, recebendo ações tanto do Governo Municipal como do Governo do Estado, especialmente pela figura do vice-governador Belivaldo Chagas. Em 2016, a família Valadares sofreu a maior derrota política de sua história, consequências do cansaço popular, da apresentação de um candidato sem representatividade e, por último, pelo bom trabalho do prefeito Marival Santana. Quanto a disputar as eleições em 2020, embora esteja muito distante, não passa por meus planos.

 

 

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