Poder e Cotidiano em Sergipe
16 de Novembro 5H:00

"O quadro da OAB era caótico", diz presidente da entidade

No próximo dia 27 de novembro, entras as 10 e as 18 horas, acontece a eleição que irá escolher o próximo presidente da seccional sergipana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O pleito, que contará seis mil advogados aptos a participar, elege o nome que ficará à frente da entidade por três anos. Nesta entrevista, o atual presidente da OAB, Carlos Augusto Monteiro, faz um balanço da sua gestão e garante que teve a responsabilidade de manter a imagem de credibilidade da ordem. Ele também fala sobre a campanha para comandar a instituição, que está pegando fogo.


BLOG DO MAX - Chegando ao fim da sua gestão frente à OAB-SE, que balanço o senhor faz das realizações alcançadas pela entidade sob o seu comando?
CARLOS AUGUSTO
- A Ordem tem 80 anos de relevantes trabalhos prestados em defesa dos advogados, em particular, e da sociedade de uma maneira geral. Nós - porque somos uma equipe - tivemos a responsabilidade de manter a imagem de credibilidade que essa instituição alcançou ao longo destas oito décadas. Além disso, oxigenamos as comissões dando mais espaço aos jovens advogados. Antenados com as novas demandas sociais, criamos 20 novas comissões, objetivando otimizar nossas ações, criamos comissões das mulheres advogadas, de igualdade racial, de defesa das prerrogativas dos advogados, de valorização dos honorários, de defesa dos direitos da mulher, de sociedade de advogados, de esportes e da diversidade sexual, de combate à corrupção etc. Nunca os jovens advogados tiveram tanto acolhimento como nestes últimos anos, chamando-os para se integrarem no cotidiano da instituição por meio dessas Comissões.

BM-
A oposição insiste em dizer que a OAB deixou os advogados sergipanos órfãos. É verdade?
CA - Não, não é verdade. Essa história de orfandade é um jogo político-retórico dos que tentam manipular a realidade, dos mercadores de ilusão; porque quem diz isso ou o faz por desconhecimento do papel da Ordem ou por má fé. A Ordem é uma instituição presente na vida dos advogados e ativa. Nós não só estivemos sempre abertos para receber a categoria como fomos até o interior para estar mais perto dos colegas. A crítica quando construtiva e responsável deve merecer toda a atenção, e claro que somos cientes que precisamos avançar mais, corrigir alguns rumos, mas trabalhamos muito. Quanto às prerrogativas profissionais, bom que se frise que nossa atuação neste particular, na maioria das vezes, não pode ser exposta, muito menos midiática. O propósito deve ser em atender o advogado, e não promover a Ordem em detrimento da ridicularização do colega que teve suas prerrogativas desobedecidas. Isso não fazemos. Neste sentido, nosso papel é silencioso, mas eficaz. O que o advogado deve saber é que sempre que acionada, a Ordem, especialmente através da Comissão de Defesa das Prerrogativas, estará lá para protegê-lo. Assim, fazemos, vez por outra, nas Delegacias, em audiências judiciais ou administrativas, em sessões de júri, entre outras Repartições, a qualquer horário. Realizamos diversos atos de desagravo em favor dos advogados, promovemos campanhas em combate ao aviltamento dos honorários, abrimos uma ampla discussão sobre o novo piso salarial e pela fixação do piso salarial do professor de Direito. Foi com a luta desta gestão que os advogados, finalmente, conquistaram as suas férias. Quando aqui chegamos, havia somente sete salas de advogados, hoje já são 38 e chegaremos até 48 até o final do mandato; construímos a sede de Itabaiana e iniciamos a construção da nova sede administrativa. Onde está a orfandade?


BM- O senhor tem dito que profissionalizou a atuação da Ordem, tornando-a mais eficiente e eficaz. Qual era, então, a situação anterior, encontrada pelo senhor quando assumiu a gestão?
CA -
Veja bem, estamos falando de uma instituição de 80 anos. É claro que muita coisa teve que ser feita durante a nossa gestão para modernizar o nosso trabalho. No entanto, assumimos com uma instituição com as finanças debilitadas, com inconsistência de dados para aferição quem estava ou não adimplente (recebemos ações judiciais, inclusive), com pilhas de processos sem providências e prescritos. Em termos administrativos o quadro era caótico. Entretanto, com muito trabalho, com a compreensão dos amigos e dos servidores, fomos aos poucos melhor organizando a casa, implementando um choque de gestão, melhor otimizando os custos operacionais, buscando impor mais celeridade e transparência às nossas ações com inovações tecnológicas, abrimos a casa ao diálogo, procuramos ouvir mais os advogados, estivemos muito presentes nas redes sociais, antenados nas respostas e observações dos colegas. E procuramos valorizar o dinheiro que os advogados investem na instituição, promovendo mais serviços e muito mais benefícios à categoria. Fizemos muito mais com muito menos. Meu sentimento é de ingratidão daqueles que por aqui passaram, e que ao invés de reconhecerem o nosso trabalho, agem como inimigos da Ordem, tentando manchar mais uma vez a imagem da instituição com mentiras, com leviandade, com jogos retóricos e midiáticos.


BM- Por que a opção por Rose Morais?
CA - O nome de Rose surgiu em um consenso. Há um grande número de advogados e advogadas que veem nela uma líder competente, uma mulher de fibra, de força, abnegada, aberta ao diálogo, leal, comprometida com a categoria e com uma grande experiência, apesar de ser jovem. E mais, uma mulher sorridente, sem mágoas, sem ódios e sem rancores. Vimos também, todos nós, que é tempo de renovação, é tempo de uma mulher no comando da Ordem, e de uma mulher competente. Nesses 80 anos nunca uma mulher esteve à frente desta instituição. Por que ficarmos presos às mesmas caras, aos projetos personalísticos, ao comando dos que se acham maiores que os outros? Com a eleição da Rose estaremos dando, também, uma excelente mensagem à sociedade: sim, as mulheres podem! todos podemos!

BM- Oriundos de um mesmo grupo, o que ocasionou o seu rompimento com o grupo de Henri Clay?
CA - Não rompi com ninguém. Não sou um homem de intrigas e nem de inimizades. Henri Clay, há pouco tempo, deu um depoimento em vídeo onde ele me chama de amigo, de advogado correto e competente. Para ser fiel a verdade não recebi o apoio esperado por ele nesses anos de gestão, mesmo nos momentos mais difíceis. Além disso, ele tentou ser candidato à prefeitura de Aracaju, filiou-se a um partido, deu seguimento a seu projeto pessoal, o qual respeito, recuando em seguida, mas não se afastando da coordenação política do PSTU em 2012. Coincidência ou não, a minha recondução em chapa única aconteceu exatamente nesse período em que ele estava com os olhos voltados a sua pretensa carreira política. Estou com minha alma leve e a consciência tranqüila, pois no início deste ano procurei tanto Cezar Britto como HC , separadamente , expondo minha lealdade e respeito, porém destacando que nos últimos anos teria que prestigiar e privilegiar todos aqueles mais próximos que me socorreram nos momentos mais difíceis e que, por também dever de respeito e reciprocidade, teriam que participar do processo de escolha do nome para o representar o nome do grupo nesta eleições, citando o nome de Evanio Moura, Silvio Costa, Rose Morais, Marcio Conrado, entre outros. A idéia não foi bem recebida, pois segundo eles, esse projeto teria que ser capitaneado apenas por um “núcleo duro” formado por nós três. Esse foi o verdadeiro motivo dessa ruptura. Permanece o respeito, mas não a subserviência.


BM - Pelo regulamento da OAB o senhor poderia ter se candidatado ao terceiro mandato, mas não o fez. Por que?
CA - Porque é tempo de renovar. Eu já fiz o meu trabalho. Eu tenho escritório, tenho família, tenho outros compromissos que deixei de lado para estar onde estou. Não recebo remuneração para presidir a OAB, preciso seguir com a minha vida profissional. Cumpri o meu tempo de retribuir com a advocacia tudo aquilo que ela me deu. Ninguém deve se apegar à presidência da Ordem; quem aqui chegar deve cumprir o seu papel e abrir espaço para as novas gerações. Espero que seja assim daqui pra frente. Com a Rose tenho certeza que será, ela é contra a reeleição.

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