Poder e Cotidiano em Sergipe
22 de Fevereiro 13H:06

Operação Cajueiro: “Muitos morreram sem o adeus de suas famílias”, diz Rogério

No último sábado (20), foi comemorado o Dia Mundial da Justiça Social, mas no Brasil, e mais de perto Sergipe, contraditoriamente, essa data é marcada pela injustiça e pela violência, uma violência contra a liberdade, contra a justiça e contra a vida, que deixou marcas de horror nos olhos e na alma de quem vivenciou essa época.


 A Operação Cajueiro foi deflagrada em 20 de fevereiro de 1976, representando a perversidade e brutalidade do regime autoritário, uma face cruel do estado brasileiro e que ao invés do esquecimento, deve ser lembrada hoje e sempre, para que suas marcas produzam, nas futuras gerações, a vergonha e repulsa à barbárie, à tortura, à perseguição, à covardia cometida contra militantes políticos, estudantes, trabalhadores, homens, mulheres e crianças.


Na sexta-feira (19), o advogado Wellington Mangueira concedeu forte e emocionada entrevista a jornalista Valquíria Miron, na TV Cidade, relatando momentos de dor e angústia quando foi preso na Operação Cajueiro.


Um relato que parou a emissora e prendeu a atenção da jornalista e da redação. Para Wellington Mangueira, um momento de reflexão sobre o passado, para a construção do futuro.  “É preciso que essa barbárie seja sempre lembrada. Fico perplexo ao ver alguns jovens pedirem a volta do regime militar. Isso é injustificável. Eles não sabem o que foi esse período e não estudam sobre ele. É preciso que as universidades debatam mais esse tema e que a imprensa também faça o mesmo, assim como está fazendo a TV Cidade na tarde de hoje”.

 
Rogério Carvalho, presidente estadual do PT em Sergipe, assistiu à entrevista com alguns assessores e em diversos momentos não conteve sua indignação e lágrimas pelo relato de dor passado por Wellington Mangueira. “Minha geração deve gratidão e respeito ao Dr. Wellington Mangueira e a todos presos e torturados nesta vergonha, nesta brutalidade institucional que foi a Operação Cajueiro. Muitos heróis anônimos morreram sem história, sem memória, sem o adeus de suas famílias. Minha geração hoje tem liberdade, tem direito ao voto, tem direito de se expressar sem a vigilância e força do Estado, graças à coragem desses bravos brasileiros e brasileiras, que não se intimidaram e enfrentaram o regime autoritário, colocando suas vidas em favor das nossas. Minha geração deve gratidão e respeito a todos heróis dessa época, não devemos esquecer, jamais”.

 
Ele destacou as torturas físicas e psicológicas narradas por Wellington Mangueira e as torturas praticadas contra sua esposa. “A dor física, na pele, e a dor psicológica, em ver sua esposa sendo tocada, sendo ameaçada de estupro, sendo ameaçada de todas as formas pelos torturadores, é de uma brutalidade insana, covarde; de desprezo a Deus e à espécie humana”.

 
Rogério também lembrou do papel da imprensa e da coragem de jornalistas como Milton Alves e Paulo Barbosa. “Estes dias, li um belo artigo do jornalista Milton Alves, na revista Cumbuca, e tomei conhecimento da sua coragem e de Paulo Barbosa ao relatar os horrores dos porões da ditadura e que certamente salvou a vida de muitos presos, ao denunciar prisões e torturas promovidas pelo regime militar. Um papel que mostra o verdadeiro valor da imprensa em defesa do estado democrático e da sociedade, um papel que dá relevo a profissionais como Milton Alves e Paulo Barbosa, referências no jornalismo sergipano”.

 
Ao completar 40 anos, a Operação Cajueiro não pode ser ignorada, sentencia Rogério. “Esse passado precisa estar sempre presente em nossa memória, para que não seja reproduzido nunca mais. Devemos isso ao Dr. Wellington Mangueira, a Milton Coelho, a Antônio Góis, ao poeta Mário Jorge, a Marcelio Bomfim, a Rosalvo Alexandre, ao governador Jackson Barreto e a todos homens, mulheres, trabalhadores, sindicalistas e estudantes que lutaram contra o arbítrio e nos legaram a liberdade. Hoje, é dia de agradecer a todos eles e jamais esquecer esse mostro, que foi a Operação Cajueiro”, encerra Rogério, emocionado.

 

Ascom PT/SE

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